É
muito importante entender bem o que é cidadania. É uma palavra usada
todos os dias e tem vários sentidos. Mas hoje significa, em essência, o
direito de viver decentemente.
Cidadania
é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem
quiser sem constrangimento. É processar um médico que cometa um erro. É
devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o
direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem
ser perseguido.
Há
detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de
cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na
rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento, está
o respeito à coisa pública.
O
direito de ter direito é uma conquista da humanidade. Da mesma forma
qua a anestesia, as vacinas, o computador, a máquina de lavar, a pasta
de dente, o transplante do coração.
Foi
uma conquista dura. Muita gente lutou e morreu para que tivéssemos o
direito de votar. E outros batalharam pra você votar aos dezesseis anos.
Lutou-se pela idéia de que todos os homens merecem a liberdade e de que
todos são iguais diante da lei.
Pessoas
deram a vida combatendo a concepção ae que o rei tudo podia porque
poderes divinos e aos outros cabia obedecer. No século XVIII, a rebeldia
a essa situação detonou a Revolução Francesa, um marco na História da
liberdade do homem.
No
mesmo século surgiu um país fundado idéia da liberdade individual: os
Estados Unidos. Foi com esse projeto revolucionário que eles se tornaram
idependentes da Inglaterra.
Desde
então, os direitos foram se alargando, se aprimorando, e a escravidão
foi abolida. Alguém consegue hoje imaginar um país defendendo a
importância dos escravos para a economia?
Mas
esse argumento foi usado muito tempo no Brasil. Os donos de terra
alegavam que, sem escravos, o país sofreria uma catástrofe. Eles se
achavam no direito de bater e até matar os escravos que fugissem. Nessa
época, o voto era um privilégio: só podia votar quem tivesse dinheiro. E
para se candidatar a deputado, só com muita riqueza em terras.
No
mundo, trabalhadores ganhavam direitos. Imagine que no século passado,
na Europa, crianças chegavam a trabalhar quinze horas por dia. E não
tinham férias.
As
mulheres, relegadas a segundo plano, passaram a poder votar, símbolo
máximo da cidadania. Até há pouco tempo, justificava-se abertamente o
direito do marido de bater na mulher.
Em 1948, surgiu a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), ainda na emoção da vitória contra as forças totalitárias lideradas pelo nazismo na Europa.
Com
essa declaração, solidificou-se a visão de que, além da liberdade de
votar, de não ser perseguido por suas convicções, o homem tinha direito a
uma vida digna. É o direito ao bem-estar.
A
onda dos direitos mudou a cara e o mapa do mundo neste final de
milênio. Assistimos à derrocada dos regimes comunistas, com a extinção
da União Soviética. Os países do leste europeu converteram-se à
democracia.
A América Latina, tão viciada em ditadores, viu surgir na década de 80 uma geração de presidentes eleitos democraticamente.
No final da década de 80 e início da década de 90, na África do Sul desfez-se o odioso regime de segregação racial – o Apartheid.
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